1º
de março de 2012 - Pe. Fernando Cardoso
Os
textos bíblicos são escolhidos a dedo neste tempo da
Quaresma, que é tempo favorável à conversão.
Hoje, em Mateus, escutamos um Evangelho extremamente consolador, pelo menos à primeira vista. “Batei e a porta vos será aberta; pedi e recebereis; procurai e encontrareis.”
Hoje, em Mateus, escutamos um Evangelho extremamente consolador, pelo menos à primeira vista. “Batei e a porta vos será aberta; pedi e recebereis; procurai e encontrareis.”
Quem
não conhece este texto? Quem nunca fez a experiência na
própria vida deste texto? Quem nunca o observou? Nós
nos comportamos diante de Deus como mendigos e, diariamente, Lhe
batemos às portas.
Permitam-me,
no entanto, relatar um fato que presenciei no final do ano passado,
quando me encontrava em Tel Aviv, Israel, e me preparava para voar
para Roma.
Estava
no aeroporto, o avião estava um pouco atrasado e havia um
grupo de brasileiros e brasileiras, cristãos mas não
católicos, cristãos protestantes e de seitas
pentecostais. Eu escutava a conversa daquelas pessoas com o pastor.
À
pergunta: que graça receberam na Terra Santa? Uma afirmou que
havia desaparecido sua artrose, uma segunda afirmou que havia
desaparecido sua enxaqueca, uma terceira disse que não sentia
mais dores nas costas, um quarto afirmou que conseguia dormir melhor
e eu, comigo mesmo, pensava: “mas que pobreza, essa gente
atravessou o Ocidente, e veio até aqui para receber esse tipo
de graça?”
Ninguém
ali, longinquamente, disse ter recebido a graça de entrar
vivamente nos padecimentos de Cristo; ninguém disse ter
recebido a graça da compaixão, isto é, de
compadecer-se com Cristo; ninguém disse ter recebido a graça
de entrar, com Cristo, no mistério Pascal de Sua morte, para
viver, na esperança, a glória da Ressurreição.
Ninguém recebeu estas graças, e eu dizia comigo mesmo:
“que pobreza!”
Deus
quer dar muito mais, mas essa gente, ao que tudo indicava,
contentava-se com bem pouco; apenas isto que acabo de dizer, a modo
de exemplo.
Provavelmente,
não sendo pessoas católicas, não são
pessoas que estão me ouvindo neste momento. Porém, se
houver uma ou outra, que isto sirva de reflexão e exame de
consciência pessoal.
Deus
quer dar sempre mais, e nós teimamos em pedir e nos contentar
sempre com menos. É verdade, já fizemos a experiência
de ter pedido e não ter recebido, e isto porque nós
devemos apresentar nossas súplicas a Deus, mas deixar a
solução para Ele. Não fica bem, e não é
rezar com as devidas disposições, apresentar com uma
mão a necessidade, a tragédia ou o pedido, e com a
outra mão apresentar a solução também.
Aqui vai o meu pedido, aqui vai a minha súplica, e esta é
a minha solução. Isto não é rezar como
convém; isto não é rezar com reverência.
Devemos
deixar a Deus, para o momento e forma como ele desejar, responder a
nós. Mas tenhamos isto diante dos olhos: Ele quer dar muito
mais, e por isso mesmo nos sintonizaremos melhor com Ele, se Lhe
pedirmos o Espírito Santo. Não há nenhum dom
superior, ou melhor, ou mais excelente, que o Espírito Santo.