21 abril 2011

LV-4-CAPÍTULO 05

CAPÍTULO 5
Da dignidade do Sacramento e do estado sacerdotal

Voz do Amado

1. Ainda que tiveras a pureza dos anjos e a santidade de São João Batista, não serias digno de receber ou administrar este Sacramento.

Porque não é devido a merecimento algum humano que o homem pode consagrar e administrar o Sacramento de Cristo e comer o pão dos anjos.

Sublime mistério e grande dignidade dos sacerdotes, aos quais é dado o que aos anjos não foi concedido!

Porque só os sacerdotes legitimamente ordenados na Igreja têm o poder de celebrar a Missa e consagrar o corpo de Cristo, porquanto é tão-somente o ministro de Deus que usa das palavras de Deus, por ordem e instituição de Deus; Deus, porém, é o autor principal e invisível agente, a cujo aceno tudo obedece.

2. Neste augustíssimo Sacramento deves, pois, mais crer em Deus onipotente que em teus próprios sentidos ou em qualquer sinal visível.

Por isso deves aproximar-te deste mistério com temor e reverência.

Olha para ti e considera que ministério te foi confiado pela imposição das mãos do bispo.

Foste ordenado sacerdote e consagrado para o serviço do altar; cuida agora em oferecer a Deus o sacrifício em tempo oportuno, com fé e devoção, e de levar uma vida irrepreensível.

Não se te diminui o encargo, ao contrário, estás agora mais apertadamente ligado aos vínculos de disciplina e obrigado a maior perfeição e santidade.

O sacerdote deve ser ornado de todas as virtudes de dar aos outros o exemplo de vida santa.

Ele não deve trilhar os caminhos vulgares e comuns dos homens, mas a sua convivência seja com os anjos do céu ou com os varões perfeitos na terra.

3. O sacerdote, revestido das vestes sagradas, faz as vezes de Cristo, para rogar devota e humildemente a Deus por si e por todo o povo (aqui o autor descreve a casula como era usada no tempo dele).

Traz o sinal da cruz do Senhor no peito e nas costas, para que continuamente se recorde da paixão de Cristo.

Diante de si, na casula, traz a cruz, para que considere, com cuidado, os passos de Cristo, e se empenhe de os seguir com fervor.

Nas costas também está assinalado com a cruz, para que tolere com paciência, por amor de Deus, qualquer injúria que outros lhe fizeram.

Diante de si traz a cruz para chorar os próprios pecados; atrás de si, para deplorar também os alheios, por compaixão, e para que saiba que é constituído medianeiro entre Deus e o pecador.

Também não cesse de orar e oferecer o santo sacrifício, até que mereça alcançar graça e misericórdia.

Quando o sacerdote celebra a Santa Missa, honra a Deus, alegra os anjos, edifica a Igreja, ajuda os vivos, proporciona descanso aos defuntos e faz-se participante de todos os bens.