28 maio 2011

LV-3-CAPÍTULO 23

 CAPÍTULO 23

Das quatro coisas que produzem grande paz

1. Jesus: Filho, vou agora te ensinar o caminho da paz e da verdadeira liberdade.

2. A alma: Fazei, Senhor, o que dizeis, que muito grato me é ouvi-lo.

3. Jesus: Filho, trata de fazer antes a vontade alheia que a tua. 

Prefere sempre ter menos que mais. 

Busca sempre o último lugar e sujeita-te a todos. 

Deseja sempre e roga que se cumpra plenamente em ti a vontade de Deus. 

O homem que assim procede penetra na região da paz e do descanso.

4. A alma: Senhor, este vosso discurso é breve, mas encerra muita perfeição. 

Poucas são as palavras, cheias, porém, de sabedoria e de copioso fruto. 

Se eu as praticasse fielmente, não me deixaria perturbar com tanta facilidade. 

Pois, todas as vezes que me sinto inquieto e aflito, verifico que me desviei desta doutrina. 

Vós, porém, que tudo podeis e desejais sempre o progresso da alma, aumentai em mim a graça, para que possa guardar vossos ensinamentos e levar a efeito minha salvação.

Oração contra os maus pensamentos:

5. Senhor, meu Deus, não vos aparteis de mim, meu Deus dignai-vos socorrer-me (Sl 70,13). Pois me invadem vários pensamentos, e grandes temores afligem minha alma. 

Como escaparei ileso, como poderei vencê-los?

6. Diante de ti, são palavras vossas, irei eu e humilharei os soberbos da terra (Is 14,1); abrir-te-ei as portas do cárcere e te revelarei mistérios recônditos.

7. Fazei Senhor, conforme dizeis e dissipe vossa presença todos os maus pensamentos. 

Esta é a minha única esperança e consolação: a vós recorrer em toda tribulação, em vós confiar, invocar-vos de todo o coração e com paciência aguardar a vossa consolação. Amém.

 Oração para pedir o esclarecimento do espírito:

8. Iluminai-me, ó bom Jesus, com a claridade da luz interior e dissipai todas as trevas que reinam em meu coração. 

Refreai as dissipações nocivas e rebatei as tentações, que me fazem violência. 

Pelejai valorosamente por mim, e afugentai as más feras, essas traiçoeiras concupiscências, para que se faça a paz por vossa virtude, e ressoe perene louvor no templo santo, que é a consciência pura. 

Mandai aos ventos e às tempestades; dizei ao mar: aplaca-te, e ao tufão: não sopres; e haverá grande bonança.

9. "Enviai vossa luz e vossa verdade" (Sl 42,3), para que resplandeçam sobre a terra; porque sou terra vazia e estéril, enquanto não me iluminais. 

Derramai sobre mim vossa graça e banhai o meu coração com o orvalho celestial; abri as fontes de devoção, que reguem a face da terra, para que produza frutos bons e perfeitos. 

Erguei meu espírito abatido pelo peso dos pecados e dirigi meus desejos paras as coisas do céu, para que, antegozando a doçura da suprema felicidade, me aborreça em pensar nas coisas da terra.

10. Desprendei-me e arrancai-me de toda transitória consolação das criaturas, porque nenhuma coisa criada pode consolar-me plenamente ou satisfazer meus desejos. 

Uni-me convosco pelo vínculo indissolúvel do amor, porque só vós bastais a quem vos ama, e sem vós tudo o mais é vaidade. Amém.