24 abril 2024

VIVER COMO EREMITA

 VIVER COMO EREMITA


(08/05/2019)

Há pessoas que pleiteiam uma vida ente a ativa e a contemplativa. Uma dessas pessoas é o Pe. Bernardim Schellemberger, que foi monge e saiu, tornando-se pároco de uma aldeia periferia da Alemanha. Eis o que ele diz a respeito:
"A pura vida contemplativa facilmente nos leva demais para a inatividade ou, o que falando nos devidos termos, ainda é pior, a nos absorver com atividades objetivas e relativamente fúteis, ameaçando a perda duma visão acurada. Por outro lado, uma vida puramente ativa nos leva, mais dia menos dia, à superficialidade e à ignorância e, finalmente, a um ativismo estéril". Bernardim Schellemberger, monge trapista alemão exclaustrado e pároco de uma aldeia de periferia da Alemanha. 

E você, amigo(a), o que acha dessa ideia dele? Pode ser verdadeira!

O (a) eremita deve não só ter momentos de oração em sua vida, mas fazer de sua vida uma oração. Sto. Agostinho diz que isso acontece quando nos preocupamos em estar em estado de graça e oferecermos tudo o que fazemos a Deus. Lembre-se o(a) eremita que nesses momentos de oração está ligado a toda a Igreja orante. Não está sozinho(a). 

O (a) eremita deve ter uma regra pessoal que regule sua vida de silêncio com sua vida social, a fim de que nenhuma das duas extrapole o necessário e o desejado para se cumprir o propósito dessa vocação. 

Sem uma vida de silêncio como a de Maria não vai ouvir Deus lhe falando ao coração, como Maria tão bem o soube fazer. Deve buscar em tudo a santidade. A fraternidade, cordialidade, sensatez, sobriedade, caridade evangélica, humildade, misericórdia, paciência, devem estar presentes em todas as suas atitudes para com as pessoas. Os contatos a todos os níveis: cartas, telefone, tevê, saídas, devem ser sempre controlados pela sua sensatez e busca do paraíso, de modo a não quebrar sua vida de contemplação. 

Acredito que o (a) eremita possa participar de algum grupo da comunidade, que não lhe tome muito tempo. Isso o (a) ajudará muito na compreensão da espiritualidade cristã e no relacionamento com os irmãos, evitando que sua solidão se torne algo doentio. Não aconselho a catequese, pois esta envolve muito a pessoa. 

Quanto à presença de pessoas em sua casa, o (a) eremita deve tomar muito cuidado. No judaísmo e no cristianismo primitivo a hospedagem era a estrela maior da vida de alguém que buscasse Deus. No caso do (a) eremita, receber muitas vezes pessoas no eremitério pode ser um fator de dissipação da vida de oração e de silêncio, mas a caridade, como diz o próprio Jesus, é maior do que todas as virtudes. Se for por caridade, não vejo nenhum problema. Entretanto, deve conseguir um modo de ajudar as pessoas sem que elas estejam a todo o momento em sua casa. 

Quanto à penitência, cada um (a) veja o que pode fazer. A Igreja pede que façamos penitência em todas as sextas-feiras do ano. Nossa Senhora, em Medjugorje, pede que jejuemos a pão e água nas quartas e nas sextas, pela conversão dos pecadores. Se você não consegue fazer isso, veja outras penitências que possa fazer e substitua esse jejum por elas. Mas é preciso fazer penitência. Faz parte da vida eremítica. 

A penitência agrada a Deus, ajuda na conversão dos pecadores, nos santifica, nos fortalece para a luta contra as tentações e nos dá um maior preparo para caminharmos na santidade. 

Pobreza: estilo de vida pobre em tudo, simples, limitando-se aos gastos necessários. Não buscar comodidades desnecessárias. Não ficar dependente de companhia. Estar ligado (a) ao famoso lema beneditino: “Ora et Labora”: reze e trabalhe. 

Para isso tudo, fazer um horário pessoal e segui-lo o melhor possível, não dando nenhum espaço para o ócio. 

O(a) eremita deve conseguir um(a) diretor(a) espiritual que o(a) auxilie na caminhada e evite que sua vida se torne falsa, só aparente. A vida do (a) eremita deve pautar pela autenticidade e santidade. Ou se é ou não se é eremita. Não deve existir meios termos: “parece que é mas não é”. 

Seria bom fazer algum tempo de experiência em algum mosteiro. Há vários tipos de mosteiro que aceitam hóspedes temporários. 

Estudar sempre a Bíblia e os livros de formação humana e religiosa. Ler sempre leituras espirituais. Sobretudo, refletir diariamente sobre as leituras da Missa. Essa formação deve ser permanente, sem tréguas e sem desânimo.