24 abril 2024

VIDA DE ORAÇÃO: COMO COMEÇAR

 

VIDA DE ORAÇÃO: COMO COMEÇAR

Segundo Santa Teresa d’Ávila

19/04/2021

Todos os santos souberam rezar com perfeição. Entretanto, alguns deles precisaram aprender a orar, e com muito sacrifício e persistência. São Carlos de Foucauld, por exemplo, que está para ser canonizado, só conseguia fazer esta oração: “Senhor, se existis, fazei com que eu acredite em vós”. E Deus ou ouviu. Ele passou a acreditar em Deus e entregou-se plenamente à vida consagrada. Bem mais tarde, já imerso numa vida santa, ele dizia: “Rezar é olhar para Jesus amando-o”. São João Maria Vianney dizia a mesma coisa: “Rezar é olhar pra Jesus, e ele olhar pra você”.

Santa Teresa fala muito sobre a oração, e vai graduando a intensidade, até uma oração perfeita em que a pessoa se integra com o poder irradiante de Jesus. Num de seus livros, ela fala sobre como iniciar uma vida de oração (Livro da Vida, capítulo XIII, final do bloco 11:

- Devemos nos imaginar diante de Cristo;

- Abandonar um pouco o intelecto, os raciocínios;

- Apresentar ao Senhor nossas necessidades;

- Lembrar-se de inúmeros motivos que Jesus teria para não nos admitir tão junto dele (por exemplo, os pecados que cometemos).

- Alternar entre uma ideia e outra, para que saboreemos com alegria essa nossa conversa com Ele.

Ela conclui esse raciocínio dizendo: “Se o paladar se acostuma a saboreá-los, trazem consigo grande substância para dar vida à alma, além de muitas outras vantagens”.

No bloco 12 ela continua as orientações de nossa oração:

- Pôr-se a pensar num passo da paixão, como por exemplo o Senhor atado à coluna, e, com o intelecto, buscar razões para avaliar as grandes dores e o sofrimento que Ele teria ali tão só, e, a partir disso, progredir no raciocínio: “por quem as sofreu, quem é e o que padeceu e com que amor as passou”. Mas sempre lembra que não exercite demais o raciocínio, mas antes, deixe-se ficar ali, com Jesus, deixando um pouco de lado o raciocínio. Lembrar-se de que Jesus nos está olhando, fazer-lhe companhia, falar, pedir, humilhar-se, rejubilar-se com ele e lembrar-se de que ele não merecia estar ali.

E a santa conclui: “Este é o modo de oração própria para todos, quer estejam no começo, quer no meio, quer no fim. É caminho excelente e seguro, até que o Senhor os eleve a favores sobrenaturais”.

Lembra também que, embora haja muitas outras meditações além da “sagrada paixão”, como por exemplo considerar-se no inferno, ou meditar sobre o céu, ou pensar na morte, ou sobre a grandeza de Deus nas criaturas, no amor que Ele nos tem e que se manifesta em todas as coisas, mas diz, no final, que embora isso tudo seja maneira admirável de proceder, hão de voltar muitas vezes à paixão e à vida de Cristo, “que é a fonte de onde nos tem vindo e virá sempre todo bem”.

A pessoa que está começando na vida de oração, diz a Santa, deve estar
“atento para conhecer o que lhe traz maior proveito”. Para isso, é necessário que uma pessoa a instrua, e que seja experiente.

No caminho da oração devemos ter sempre a lembrança de que somos pecadores e nos conhecermos profundamente. A humildade em relação à imagem que fazemos de nós próprios é muito importante. Eu, particularmente, acho que o primeiro passo para essa nossa atitude humilde é aceitarmo-nos como somos. Todos os dias eu rezo uma oração que eu mesmo compus: “Senhor, que eu me aceite como sou. Aceitai-me também como sou, mas transformai-me naquilo que desejais que eu seja”. Vi essa ideia num dos escritores antigos, se eu não estiver errado, no Dom Valfredo Tepe.

Santa Teresa lembra que nós pagamos muito pouco a Jesus pelo tanto que lhe devemos.

A santa faz uma observação muito forte em relação à falta de capacidade de muitos diretores espirituais daquele tempo, que davam orientações erradas às pessoas. Ela preferia pessoas doutas em teologia: “Já disse que é necessário mestre espiritual, mas se este não for instruído, haverá grandes inconvenientes. Ajudará muito tratar com homens doutos, desde que sejam virtuosos. Ainda que não estejam muito adiantados na vida espiritual, farão bem”.

É, amigos e amigas, a oração é um caminho árduo e longo. Santa Teresa fala muito das dificuldades que teve em chegar ao ponto em que chegou. Eu acho muito correto dizer que é orando que se aprende a orar. Como disse o Pe. Arturo Paoli num de seus livros, “É caminhando que se abre caminho”. Se não rezarmos, se não iniciarmos uma vida de oração buscando progredir nela e nos aperfeiçoarmos, nunca sairemos do sopé da montanha da vida espiritual.