24 abril 2024

INTRODUÇÃO


Nos escritos sobre o eremitismo podemos observar certos cuidados que devemos levar em consideração. Entre eles, podemos encontrar estes:

1- O eremitismo não deve ser procurado como uma fuga de quem não deu certo na sociedade.

2- Jesus não foi eremita no termo mais includente da palavra. Ele viveu em família até os 30 anos e depois com os discípulos, até à sua morte. Mas ninguém foi, é nem será mais contemplativo do que ele foi. 

3- A solidão que se busca no eremitismo não deve ser desculpa ou justificativa para, por exemplo, não ir à Missa. A Missa e a comunhão devem ser diárias ou pelo menos sempre que possível.

4- O objetivo principal do (a) eremita deve ser o de viver uma vida de oração e de santificação. São Bento fez experiência de eremitismo, mas preferiu a vida em comunidade, pois dá mais chance de corrigirmos nossos defeitos. Precisamos, pois, pelo menos ter um (a) diretor (a) espiritual que nos oriente e conduza.

5- A regra principal nossa deve ser nunca pecar, nunca deixar de rezar (e que seja bastante tempo), nunca deixar a Eucaristia nem a Confissão, ser moderado(a) em tudo, manter a paz de espírito, sempre ser fiel à Igreja e ao Papa, ser amigo da penitência e NUNCA DESANIMAR.

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RESUMO DA ORIENTAÇÃO PARA EREMITAS:

1- INTRODUÇÃO

Na História da Igreja muitos santos e santas viveram uma vida eremítica, geralmente num cômodo ou numa edícula nos fundos de alguma outra casa de parentes ou amigos, como São Carlos de Foucauld (vivia numa casinha feita por ele mesmo em meio à tribo Tuaregue, no deserto do Saara, em Tamanrasset), Santa Rosa de Lima, Santa Catarina de Sena. Se isso foi possível a eles, pode ser também possível a outras pessoas.

Em sua vida pública, Jesus, não podendo mais dispor da solidão física como muitas vezes conseguia em sua vida de Nazaré, encontrou maneiras de se isolar mesmo em meio à multidão, como em Lucas 9,18: "Certo dia Jesus orava em particular, cercado de discípulos". É o que devemos procurar fazer: retirar-se em espírito, quando não der para retirar-se fisicamente. Com um pouco de treino, você consegue rezar no ônibus, na caminhada, em qualquer situação.


O (a) eremita pode viver onde bem entender: na cidade, no meio rural, cidade grande ou pequena, em casa ou apartamento, em favela etc. O importante é dedicar seu dia à oração, ao trabalho, à penitência, à caridade fraterna, embora tenha, também, seus momentos de lazer. Os sinônimos de eremita são: ermitão, anacoreta, solitário, asceta. O (a) eremita deve estar sempre preocupado (a) em se santificar e não temer a insegurança, o desconforto, buscando sempre no silêncio, na oração, na busca da santidade, na mortificação, na caridade, a paz interior.


O Código de Direito Canônico diz o seguinte sobre a vida eremítica:


CÂN 603§ 1. Além dos institutos de vida consagrada, a Igreja reconhece a vida eremítica ou anacorética, com a qual os fiéis, por uma separação mais rígida do mundo, pelo silêncio da solidão, pela assídua oração e penitência, consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo.


Esse texto tem as seguintes afirmativas:


- Por uma separação mais rígida do mundo;


- Pelo silêncio da solidão;


- Pela assídua oração e penitência;


- Consagram a vida ao louvor de Deus;


- E à salvação do mundo.


2- FORMAS DE VIDA EREMÍTICA

-Eremitismo autônomo: não tem vínculo com a diocese. O (a) eremita busca a sua própria moradia e o seu próprio sustento. Não faz votos públicos. Não usa hábito. Segue uma regra própria, elaborada por ele mesmo, mas aprovada por alguma autoridade.


-Eremitismo diocesano: vive sob as expensas da diocese, mas muitas vezes esta não lhe dá esse sustento e ele (ela) acaba tendo que procurar uma forma de se manter. Faz votos religiosos e podem usar hábito.


-Eremitismo monástico: é ligado a uma ordem religiosa. Passam um certo tempo do dia com outros eremitas numa comunidade, por exemplo, nas refeições e orações comunitárias (como o Ofício Divino).


-Eremitismo recluso: como era Santo Antão no deserto: a pessoa fica completamente separada de tudo e de todos e alguém vai lhe dar alimento numa certa frequência. Saem da cela apenas para o estritamente necessário, como por exemplo, para a Santa Missa. Há poucos eremitas desse estilo atualmente.


Geralmente não se aconselha a vida eremítica a pessoas jovens. Mas se isso ocorrer, que ele (ela) seja orientado (a) com maior frequência por alguém mais capacitado (a).


Também é preciso deixar bem claro que trata-se aqui de uma vida em que a pessoa vive na luta contra o pecado, vive sem vícios pecaminosos, guarda a castidade, não participa de "noitadas" ou coisas desse tipo. Ou seja, este blog é escrito para pessoas que querem se santificar e não apenas viver sozinhas, como muitos jovens e “solteirões” vivem. Pessoas que, mesmo tendo sido pecadoras, querem mudar de vida e se santificar. 


3- ILUSÕES PERIGOSAS NESSE TIPO DE VIDA

Há pessoas que procuram a vida eremítica por comodismo, outras para fugir de seus problemas. Impossível! Nós nos levamos conosco aonde formos. 


Thomas Merton, famoso monge escritor, diz que “o ascetismo de um falso solitário é sempre falso” e vai viver em desgosto, amargura e constante conflito (“Homem algum é uma ilha, pág. 211).


Bernardim Schellemberger (deixou a Trapa e se tornou pároco de uma aldeia alemã) atenta para a vida de ócio que pode incorrer o contemplativo ou a vida de exagerado ativismo que pode incorrer o ativista.


Jesus Cristo não foi eremita no sentido estrito da palavra, mas não há ninguém superior a ele em nada, como por exemplo no que se refere à contemplação. Viveu 30 anos em família e os outros 3 na companhia dos discípulos.


As virtudes não dependem apenas de nós. Elas só se tornam acessíveis quando juntamos nossas lutas com a Graça infinita de Deus (Salmo 126/127: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalham os construtores”). É Deus quem cuida de nós (1Pedro 5,6-7). A diferença entre uma pessoa santa e uma que não é, é apenas a oração, pois fracos todos nós somos. Quem reza fica forte. Quem não reza, permanece fraco.


Antes de se tornar eremita, veja em seu íntimo o porquê está escolhendo esse tipo de vida. Se for para fugir do amor ao próximo, ou dos encargos de uma família, ou do apostolado, ou coisa parecida com isso, esqueça! O amor a Deus e ao próximo sempre estarão juntos. São inseparáveis.


Ser eremita é uma vocação. Quem não foi chamado para esse tipo de vida, não deve forçar. Fazer por emoção não dá certo. Quando Deus chama uma pessoa a uma vocação, também lhe dá força necessária para concretizá-la. O (a) verdadeiro (a) eremita aprende a separar-se do corre-corre do mundo, a fazer silêncio, a orar, a fazer penitência, dando glória a Deus e santificando-se na intercessão a Deus pela salvação própria e de todos os demais. Muitos querem ser eremitas, mas estão apenas fugindo de sua realidade ou da realidade em si, talvez por problemas pessoais ou por enfado de tudo o que está vivendo. Cuidado com essa atitude!


Se você perceber que a solidão física está atrapalhando sua vida e o (a) deixando angustiado (a), deprimido (a), busque viver uma vida em comunidade.


4- AS PENITÊNCIAS

A melhor delas é aceitar os problemas e percalços que entram em nossa vida. Entretanto, há algumas boas para fazermos e que não prejudicam a saúde. Cada um reflita nas mortificações que pode fazer. Procurar não viver reclamando da vida, das coisas ou das pessoas, ou não termos paciência com os outros etc. De nada adianta jejuar e não conseguir manter a paciência, o equilíbrio, a caridade. Que não haja nenhum sentimento de vingança, de ódio, de desamor, de ira. Cultivar a serenidade. “Se amo os outros em Deus, posso encontrá-los sem me afastar de Deus” (Thomas Merton).


Somos de carne e osso e precisamos de um tempo de relax, de descanso, reposição de energias. Alterne as atividades para não se fatigar. Tenha um tempo diário para caminhar, nem que seja dentro de casa mesmo. Aproveite para rezar o rosário nessa caminhada.


Enfim, não há maior penitência do que amar ao próximo como Deus nos ama. A aversão pelas pessoas nunca deve ser para uma pessoa o critério para ela saber se tem vocação eremítica. Amar a Deus e ao próximo é a obrigação de todas as pessoas, sem distinção.


5- RECEBER ORIENTAÇÃO

Quem se arroja a viver uma vida eremítica deve ter um (ou uma) diretor (a) espiritual e, antes de viver sozinho, buscar um tempo de experiência em algum mosteiro. Há vários deles que admitem hóspedes por um tempo. Isso é muito importante. A experiência ideal para uma vida eremítica é a vida monástica, mas um (a) bom (boa) diretor (a) espiritual pode dar as orientações necessárias de todas as obrigações e deveres desse tipo de vida.


Muitas virtudes não são tão perceptíveis numa vida eremítica, mas outras tantas são muito importantes, como a disciplina, o autodomínio, a sobriedade em tudo (menos na oração, que deve ser abundante), e por que não dizer do capricho na limpeza? Como ninguém vai reclamar, uma pessoa que mora sozinha pode relaxar na higiene pessoal e do ambiente. Antigamente isso não era problema. Santo Antão do deserto, por exemplo, nunca tomou banho, e se orgulhava de nunca ter molhado os pés. Já imaginou isso no mundo atual?


6- REGRA DE VIDA

A regra principal nossa deve ser nunca pecar, nunca deixar de rezar (e que seja bastante tempo), nunca deixar a Eucaristia nem a Confissão, ser moderado(a) em tudo, manter a paz de espírito, sempre ser fiel à Igreja e ao Papa, ser amigo (a) da penitência, NUNCA DESANIMAR.


7- CONSAGRAÇÃO DIÁRIA

Consagro-me ao sagrado coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria por uma vida de oração, de apostolado e contemplação, de conversão contínua. Imploro humildemente a graça da perseverança na fé, na esperança e na caridade, e o arrependimento sincero de todos os meus pecados, para que eu possa continuar amando, adorando e servindo a Santíssima Trindade agora e no paraíso, após a minha morte, com todos os demais. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo para sempre. Amém (extraído de um antigo devocionário).

8-ORAÇÃO DO ABANDONO (de São Carlos de Foucauld)

Meu Pai, a vós me abandono. Fazei de mim o que quiserdes. O que de mim fizerdes, eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas, não quero outra coisa, meu Deus. Entrego a minha vida em vossas mãos. Eu vô-la dou, meu Deus, com todo o amor de meu coração, porque eu vos amo e porque é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos sem medida, com infinita confiança, porque sois meu pai (de São Carlos de Foucauld)


9 - ORAÇÕES VARIADAS:

 Ao Lado Teu, Senhor!(nosso blog de orações)