24 abril 2024

O ÓCIO SANTO

 



O SANTO ÓCIO

04/03/2022

A Rússia está invadindo a Ucrânia e muitos estão morrendo. Perigo da terceira guerra. O Coronavírus está ainda se infiltrando em muitas pessoas neste momento e algumas ainda estão morrendo.Muitos estão desempregados, muitos estão passando fome... Minha agenda de hoje está cheia. Preciso ainda preparar o meu almoço. Muitos estão trabalhando... eu já me aposentei. Deixei de certa forma tudo isso e muito mais do que ocorre no mundo, mas também “embrulhei” tudo e me deixei colocar diante do Santíssimo, nesta capela, num santo ócio.


A oração silenciosa é pesada e difícil para mim. Prefiro a oração tipo “bate beiço”, como diz um amigo meu. Mas muitos santos elogiam e aconselham a oração contemplativa silenciosa, como Carlos de Foucauld (dia 15/05/22 será ‘ou foi’ canonizado). Ele diz em “Meditações sobre o Evangelho” (1):

“Oremos a Deus sem muitas palavras, mas com muita fé, humildade, amor, confiança filial: pode-se orar a Ele sem palavra alguma. Um olhar, um desejo, uma elevação humilde e terna para Ele é suficiente”.

Vejo atualmente quão difícil é, para as pessoas, deixarem tudo para como Maria, irmã de Marta, ficar apenas olhando e escutando Jesus por algum tempo.

Toda nossa azáfama diária resultará em nada se não encontrarmos esses tempos de oração e, sobretudo, num determinado período diário.

Eu lhes confesso: para mim é um martírio ficar olhando para Jesus sem “bater beiço”. Mas tento reservar um momento diário para isso. Assim mesmo, há dias em que adormeço sentado e diante dele. Imaginem se você receber uma visita que dorme diante de você enquanto conversa... seria no mínimo cômico. Pois eu devo ter feito Jesus sorrir muitas vezes. Que paciência Jesus deve ter para comigo!

Mas acho que o importante é tentar. Quem não tenta, nunca vai conseguir. Espero que os meus “roncos” diante de Jesus, durante as orações silenciosas, diminuam e, em breve, eu consiga permanecer contemplando-o, na Eucaristia, num “santo ócio”. Como isso faz bem! (aliás, esses cochilos diante do Santíssimo são mais deliciosos que o sono noturno). E, de vez em quando, durante a contemplação, eu “bato o meu beiço” pedindo-lhe que acabe com a guerra da Rússia-Ucrânia, que acabe com a Covid-19, que os desempregados consigam emprego, que ninguém mais morra de fome no mundo, que as pessoas consigam ficar mais tempo ser ver televisão, sobretudo as diabólicas novelas, que tantas ideias erradas colocam nos que não conseguem viver sem elas (conheço uma amiga que mesmo estando num velório dá um jeitinho de não perder a novela), que os jovens sejam orientados a uma vida de sobriedade, de oração e de engajamento em meio às suas conquistas, que os doentes se curem ou, quando isso não for a vontade divina, que aprendam a oferecer suas dores pelas intenções de Maria etc.

(1) -Citado no dia 30 de agosto no livrinho “Um pensamento para cada dia, de Charles de Foucauld, da editora Ave-Maria.