PRECISAMOS ORAR
É muito importante que tenhamos a oração como nossa fonte de santidade e de empenho em transformar este mundo num mundo como foi sonhado por Deus.
Somos todos fracos, desde o Papa até o mais humilde cristão. Sem a oração somos nada. É o que diz o documento Gaudium et Spes 36: "Sem Deus a criatura se reduz a nada".
Muitos até rezam, mas muito pouco. Segundo muitos mestres de espiritualidade, deve haver no dia a dia um momento mais longo de oração, que encaminha a pessoa para outros momentos breves durante o dia. É o que muitos chamam "ter uma atitude de oração", ou um "espírito de oração".
Diz Santo Agostinho que os que se mantêm em estado de graça, ou seja, sem pecados, rezam praticamente o dia todo se dirigirem seus pensamentos a Deus. Mas sempre lembrando que um momento mais longo de oração durante o dia é necessário. Isso também afirma São Carlos de Foucauld:
"Para que nossa vida seja uma vida de oração, é preciso duas coisas: primeiramente que ela reserve um tempo suficientemente longo consagrado cada dia unicamente à oração; em seguida, que durante as horas consagradas a outras ocupações, permaneçamos unidos a Deus, conservando o pensamento em sua presença".(Do livro "Um pensamento para cada dia", ed. Ave-Maria, citado no dia 14 de agosto).
Diz também René Voillaume que é impossível que uma pessoa encontre tempo para rezar se fica horas a fio diante de um televisor. Atualmente, poderíamos acrescentar: diante de um telefone celular.
Diz também José Antônio Pagola:
"Precisamos orar para encontrar silêncio, serenidade e descanso que nos permitam manter o ritmo de nossas atividades diárias. Precisamos rezar para viver com uma atitude lúcida e vigilante em meio a uma sociedade superficial e desumanizadora".
Dom J. B. Chautard, ("A Alma de Todo Apostolado", pag. 66) diz: "A vida ativa deve proceder da vida contemplativa, traduzida e continuada exteriormente, desligando-se dela o menos possível".
Eu adaptaria essa frase para os momentos atuais, dizendo que todo o apostolado precisa ser fecundado por uma vida intensa de oração, a fim de que a obra seja abençoada por Deus e renda os frutos desejados. Uma obra pode até ir para frente sem a oração, mas seus operadores vão ter que fazer esforços pessoais incríveis para a ação. Sem a oração eles vão dispor apenas de suas próprias forças. Diz o salmo 126 que Deus dá o pão aos seus amados até enquanto dormem. A diferença entre agir com a oração e agir sem a oração é quase a mesma que plantar numa terra fértil num local em que chove regularmente e plantar num deserto, em que chove apenas uma vez por ano (no Cairo chove apenas duas vezes por ano e tudo o que é verde só se preserva com a irrigação).
Nos anos 60, dois chefes de sessão de um determinado Banco do Estado faziam o mesmo serviço, mas um deles no período matutino e parte da tarde, e o outro à tarde e um pouco à noite. O da manhã trabalhava feito louco, mas nunca rezava. O da tarde ocupava parte de seu tempo para o café da tarde indo rezar com os monges do Mosteiro próximo ao Banco, que naquela hora rezavam as Vésperas. Um dia, o da manhã disse ao outro: "Por que o seu trabalho rende e o meu não? Ouvi dizer que você até aumenta um pouco o horário de seu café para ir rezar com os monges!" O inquirido respondeu: "É justamente por esse motivo: eu rezo e tudo fica mais fácil!"
Essa história é verdadeira, não é inventada. E é a coisa mais certa que conheço: A ação de alguém que reza é "encampada" por Deus e não vai aos trancos, mas "desliza".
PENSE NISSO!
Teófilo Aparecido de Jesus