10 agosto 2011

AMULETOS - PE. FERNANDO CARDOSO




Da liturgia de 12 de janeiro de 2012 

O texto do Livro primeiro de Samuel hoje (1ª SAMUEL 4,1-11) nos coloca diante de um campo de batalha: de um lado Israel, e de outro lado, os Filisteus, seus arqui-inimigos na Palestina.
Israel estava inteiramente confiante em seu Deus e, quando se viram em apuros, não tiveram dúvidas; foram buscar a arca da aliança, símbolo visível da presença de Deus no meio de seu povo, e a trouxeram para o campo de batalha.

A conseqüência foi a mais trágica que podemos imaginar: os Israelitas perderam a batalha, os Filisteus levaram a melhor e, para encerrar a tragédia, a arca da aliança foi roubada, e passou para o lado do inimigo. E aqui nós podemos nos deter, para nossa reflexão à partir do texto da Palavra de Deus. Que fizeram aqueles Israelitas?

Fizeram o que muitos de nós continuamos a fazer: buscar Deus ou buscar objetos sagrados, pensando que a simples presença de objetos sagrados, é capaz de eliminar os perigos que nos assolam. Nunca aconteceu conosco buscar um amuleto? E se não buscamos um amuleto, não buscamos desesperadamente, para fins ambíguos, objetos sagrados como um crucifixo, como água benta, como um ramo bento e outras coisas mais? E imaginamos que com água benta, com ramo bento, com cinza benta, com água do rio Jordão, com terra da Palestina, resolveremos todo o nosso conjunto de problemas existenciais? Fazer isto é viver uma religiosidade mágica.

O texto é muito claro, e quer nos ensinar que Deus não Se deixa enroscar por essas sutilezas de nossa parte. Não são objetos sagrados, não são águas bentas ou sagradas, não são terras consagradas que nos libertarão, mágica ou mecanicamente, de nossos males. E, de resto, Deus não prometeu a ninguém que nada de ruim ou indesejável lhe acontecerá durante esta vida.

Durante esta vida, nós temos que levar em conta sim os perigos, temos que levar em conta os contratempos, temos que levar em conta as dificuldades e os sofrimentos de toda espécie. Deus não promete, nem a custa de água benta, nem a custa de água do rio Jordão, eliminar os nossos sofrimentos. Deus promete, e isto é muito mais importante e consolador para nós, entrar conosco na atribulação, entrar conosco na provação para sairmos, do lado de lá, juntamente com Ele, fortes e mais consolidados na fé. E isto porque, quem nunca foi provado, quem nunca sofreu um contratempo, quem nunca sofreu uma tentação, quem nunca foi vítima de uma tribulação, não tem fé comprovada.


Deixemos de lados estas coisas, deixemos de lado amuletos religiosos e confiemos, cegamente, na providência de Deus, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. 


(Quero lembrar que o texto não proíbe o uso de imagens no pescoço, como o de N. Sra. das Graças, crucifixo, mas sim o apego a essas imagens como se tivessem força própria. É isso que nos é proibido e o texto pede para não fazermos. Confiemos em Deus. Muitas pessoas deixam a Eucaristia de lado, que é o próprio Cristo em seu Corpo, Sangue, Alma e divindade, para se apegar a essas medalhinhas. Isso não é correto! - comentário do Ir. Teófilo Aparecido).