16 janeiro 2021

DONA LOLA EREMITA

16/01/2021
Breve história de sua vida 
Cedido pelo site: 
A Serva de Deus Floripes Dornelas de Jesus era mais conhecida como Lola. Nasceu em Mercês, Minas Gerais, em vinte e sete de junho de mil novecentos e doze. 
Por volta dos quatro anos de idade, mudou-se com sua família para uma cidade próxima, Rio Pomba, onde cresceu e se transformou numa jovem "filha de Maria" (pertencia à Pia União das filhas de Maria) que, desde muito cedo, usou de sua perspicácia inata para saber que as riquezas espirituais são muitíssimo reais e infinitamente mais valiosas do que todo o somatório das riquezas materiais. 

Aproximadamente aos dezoito anos, caiu de um pé de jabuticaba, vindo a ficar paralítica. 

Ao invés de se tornar depressiva e revoltada por se ver excluída de muitos prazeres da juventude, acreditava que aquela era a condição permitida por Deus para que gozasse de alegrias maiores do que as proporcionadas pela natureza humana. 

Considerava que era muitíssimo melhor esperar e confiar na expectativa de Deus do que na sua própria. 

Era assim que se exercitava, dia a dia, para estreitar o seu relacionamento com Deus. E quanto mais o fazia, menos necessidades materiais ela tinha, a ponto de não precisar mais de alimento ou de água; tinha como único alimento para o corpo e para a alma, o próprio Deus na Eucaristia. 

Viveu cerca de sessenta anos tendo como único alimento a Sagrada Eucaristia. Também não tinha necessidade do sono. 

Sofreu ao constatar isso, principalmente ao ver o sofrimento de seus familiares, especialmente o de sua mãe, por causa de sua rejeição ao alimento. Pensavam que fosse morrer. Ela também supunha que isso fosse acontecer, mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Sua vivacidade e perspicácia aumentavam substancialmente, e ela passou a ajudar a muitas pessoas, que vinham a sua casa para pedir suas orações e suas palavras de sabedoria e de conforto.

Com o passar do tempo, o número de visitas passou a aumentar constantemente, chegando mesmo a se formarem romarias. Ela quase não tinha mais tempo para estar a sós com o Coração de Jesus, alvo de todo o seu amor e devoção. 

Sua irmã, Dorvina, também considerada detentora de grandes e santas virtudes, recebia da Providência Divina os meios para oferecer café e bolo a todos os visitantes que vinham, muitas vezes, de longe, em carrocerias de caminhões lotadas de pessoas.
 
Por ordem do então Arcebispo, Dom Oscar de Oliveira, Lola, como era conhecida Floripes, deixou de receber os peregrinos. 

Tornou-se, então, enclausurada, adoradora do Santíssimo Sacramento, porque recebera autorização formal de Dom Oscar para que o Santíssimo Sacramento ficasse num Sacrário, em um pequeno altar colocado em seu quarto. 

Entretanto, se não recebia mais romeiros, inúmeros eram os bilhetes com pedidos de orações, aos quais respondia com recados de esperança e conforto nas providências do amor e poder do Coração de Jesus. Enviava com cada resposta um livrinho devocionário geralmente acompanhado de uma medalha ou um terço. 

Tinha imensa alegria em presentear as pessoas com imagens do Coração de Jesus. Para isso se empenhava na administração da sua pequena produção de leite com a qual adquiria proventos para custear suas despesas de devoção. 

Passava quase todo o seu tempo em oração pela conversão dos pecadores, pelos sacerdotes e religiosos e também por todas as necessidades das quais tomava conhecimento. 

Embora vivendo reclusa em sua propriedade rural, participava ativamente da vida da cidade. Foi sempre grande responsável pelo incontável número de adeptos do Apostolado da Oração e, principalmente, pela fundação do Apostolado Masculino, que aconteceu por diligências suas. Gozava do respeito e consideração de todos, em especial dos sacerdotes que, às vezes, vinham de longe para pedir suas orações e ter a alegria de celebrar uma Santa Missa no altar do seu "quarto-santuário". 

Esta abençoada criatura de Deus marcou a vida de inúmeras pessoas. Não foram raras as vezes em que pessoas saíam de profundo estado de sofrimento físico, mental ou espiritual para um estado de produtiva alegria, por terem sido agraciadas pelas bênçãos de Deus, recebidas através de suas orações. 

Ela sempre dizia que não era necessário pedir as suas orações, bastava pedir diretamente ao Sagrado Coração de Jesus, porque Ele está sempre ansioso para atender às necessidades daqueles pelos quais deu a vida e continua a espera deles em contínuo plantão em todos os Sacrários. É Deus onipresente. 

Só é necessário ter consciência da Sua Presença junto de nós. Ele sempre quer muito a nossa atenção. O Deus Todo-Poderoso quis precisar de nós. Ele encontra Sua alegria em conviver conosco. Por isso fica eternamente à nossa disposição no Santíssimo Sacramento: como um "Rei carente da companhia de seus súditos". 

Toda a vida de Lola foi vivida em função de atender a esse apelo do Sagrado Coração Eucarístico de Jesus. 

Fez sempre tudo o que estava ao alcance de seus limites (tão grandes) para que o maior número possível de pessoas pudesse conhecê-Lo e, portanto, amá-Lo. 

Acreditava que, quanto mais têm consciência da Verdade, do amor que Deus tem por elas, mais realizadas e felizes as pessoas se tornam, em todos os aspectos da vida. 

Pois não há problema, em qualquer instância, que o Amor Todo-Poderoso não possa, com todo o gosto, sanar. Pessoas saciadas são pessoas inteiras, abençoadas, felizes. São assim os habitantes do Reino de Deus, pelo qual todo batizado deve e precisa lutar. 

Floripes, a Lola, faleceu em odor de santidade em 9 de abril de 1999, quando milhares de pessoas acorreram ao velório e sepultamento. Seu funeral foi noticiado em telejornais do País no dia 10/4/1999. Tratava-se de uma pessoa considerada santa por todos os que, de alguma forma, tiveram contato com ela. 

Para a Glória de Deus, e nossa alegria, a Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, em Roma, concedeu o status de NULLA OSTA (nenhum obstáculo) para o andamento do processo de Floripes Dornellas de Jesus; assim sendo, nossa Lola recebe o título de Serva de Deus. 

Nihil Obstat: 

Data: 30 de novembro de 2005 Protocolo: 2.699 Autor da Causa: Cúria Arquidiocesana de Mariana (MG) 

Pedimos suas orações para que sua beatificação, cujo processo foi aberto em 1o de julho de 2005 por Dom Luciano Mendes de Almeida, então Arcebispo de Mariana, aconteça o mais breve possível. 

A quem alcançar graças por sua intercessão pedimos que as comunique à: 

Cúria Arquidiocesana Caixa Posta 13 - Mariana (MG) 
CEP 35 4200 

Uma das primeiras divulgações: 

Em 1956 Pe. Fernando Pedreira de Castro, S.J. publicou o livro "A Graça que Frutifica" 

 
Contos e Narrativas, pela Editora Vozes, Petrópolis, RJ. A página 163 desse livro fala de Lola. Transcrevemos aqui o artigo conservando a grafia do seu tempo. 

Outra Neumann, brasileira 

Vive em Minas, ou vivia por 1953, a uma légua da cidade do Pomba, não muito distante de Juiz de Fora e já na Diocese de Mariana, uma pessoa que só pensa em Deus e que Ele se compraz em dotar de graças incomuns. 

É uma moça de seus 28 anos, chamada geralmente Loula, mas cujo registro batismal é Floripes Dorneles. Família muito honesta, modesta, de gente ativa que possui a sua casa rural e alguma terra. Criança ainda, despencou-se a menina Loula de uma árvore, quebrando uma das pernas. Foi-se assim arrastando, durante anos, sem especial tratamento, sempre alegre e conformada. 

Mas, com a idade aumentaram as dores e a dificuldade em mover-se, até que se viu constrangida à quase imobilidade numa cama. Não pode estar assentada nem deitada, mas recostada, sem mudar de posição. Já se encontra assim há mais de cinco anos, com dores incessantes pelo corpo e na cabeça, não parecendo dar importância a fatos extraordinários que ela e em torno dela se passam de contínuo. São, no entanto, eventos naturalmente inexplicáveis, por vezes de uma poesia emocionante. 

Há mais de cinco anos não come e não bebe absolutamente nada, a não ser a sagrada comunhão. Obrigou-a o médico a tomar um pouco d'água de uma colher, ela, porém viu-se obriga da a expeli-la, pois não a pôde engolir. 

O vigário, P. Galo, homem piedoso, instruído e distinto, leva-lhe a Comunhão quase diariamente, mas quando pode e quando encontra condução, por vezes ao meio-dia ou à tarde, pois a igreja fica longe e a comungante está sempre em jejum. 

Asseguram os circunstantes que se dá então o seguinte fato: ainda que o Sacerdote chegue inopinadamente, e não haja meio de prever o momento, a doente o sabe, e minutos antes ajeita melhor as cobertas, põe o véu, recomenda que preparem tudo. 

Qual é o sinal que lhe indica a aproximação da Hóstia Consagrada? Um beija-flor, asseguram quantos conhecem melhor o ambiente, e que já se não admiram pela continuidade do fato: Penetra a avezinha pela janela ou pela porta, sempre abertas, esvoaçando em torno do crucifixo dependurado na parede, e beijando lhe as chagas como se fossem flores. 

A humildade, a simplicidade, a candura da enferma são admiráveis. Acha tão natural o que lhe sucede, fala candidamente aos raros visitantes, revela o futuro, promete rezar por todos, por intenções particulares. Não se arroga, contudo, a menor autoridade ou importância, não distribui bênçãos nem medalhas. 

De semblante naturalmente sem atrativos, dentes falhos, traços comuns, sem nenhum sinal de vaidade, transforma-se ingenuamente quando fala de Deus, dando a impressão do sobrenatural. Os irmãos, pois os pais são falecidos, tratam-na com afeto, mas sem nenhum especial indício de veneração. São pessoas simples e trabalhadoras, nem jamais lhes passou pela ideia tirar proveito material da situação. Bons cristãos, como são, obedecem cegamente ao sacerdote, não permitindo visita alguma de desconhecidos sem licença escrita do seu vigário. 

No entanto transcorrem os anos, e aquela alma ali fica risonha, a sofrer e a rezar. Nada lhe importa na terra senão a caridade, o bem do próximo, a santificação das almas, o amor de Deus. O amor de Deus é o que a conforta, sus tenta e alegra. Passa os dias a pensar na bondade e grandeza, no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e nosso Irmão. Passa os dias e, como nunca dorme, passa também as noites a entreter-se com Deus. 

Não é verdade que Deus tem os seus caminhos e as suas almas prediletas? Não é verdade que essas almas Deus as aproxima da cruz? Não é verdade que elas impedem a justiça divina de esmagar o mundo corrompido? No seu coração reina Cristo-Rei. Com as suas preces e sofrimentos ela arrasta outras almas a Cristo... 

Mas será tudo isso exato? Não haverá engano das testemunhas? - Não está de certo no Evangelho, não é de fé. Só a Igreja, após longos exames, como é seu costume, poderá falar com autoridade sobre estes fatos. Se Deus a inspirar. E enquanto vivemos podemos pecar. No entanto encontramos na história da Igreja fenômenos semelhantes ou análogos plenamente comprovados. 

Ora, o amor divino não abandonou a terra nem os homens. O que aí referimos, tão extraordinário embora e edificante, nos foi narrado por sacerdotes profundamente cultos e dignos, testemunhas de vista... 

Além de ofertar a Seu Pai mais uma vítima de propiciação pelo Brasil e pelo mundo, terá Cristo-Rei outros fins mais particulares, ao cumular de graças tão raras aquela moça humilde do sertão brasileiro? 

... E nós, o povo de Rio Pomba (MG), Brasil, podemos testemunhar que, de 1953 até a sua morte em 1999, Lola viveu mais 46 anos nas mesmas circunstâncias...