27 julho 2011

LV-1-CAPÍTULO 06

 CAPÍTULO 6

Das afeições desordenadas

1. Todas as vezes que o homem deseja alguma coisa desordenadamente, torna-se logo inquieto. 

O soberbo e o avarento nunca sossegam; entretanto, o pobre e o humilde de espírito vivem em muita paz.

O homem que não é perfeitamente mortificado facilmente é tentado e vencido, até em coisas pequenas e insignificantes. 

O homem espiritual, ainda um tanto carnal e propenso à sensualidade, só a muito custo poderá desprender-se de todos os desejos terrenos.

 Daí a sua frequente tristeza, quando deles se abstém, e fácil irritação, quando alguém o contraria.

2. Se, porém, alcança o que desejava, sente logo o remorso da consciência, porque obedeceu à sua paixão, que nada vale para alcançar a paz que almejava. 

Em resistir, pois, às paixões, se acha a verdadeira paz do coração, e não em segui-las. 

Não há, portanto, paz no coração do homem carnal, nem no do homem entregue às coisas exteriores, mas somente no daquele que é fervoroso e espiritual.