27 julho 2011

LV-1-CAPÍTULO 10

 CAPÍTULO 10

Como se devem evitar as conversas supérfluas

1. Evita, quanto puderes, o bulício dos homens, porque muito nos perturbam os negócios mundanos ainda quando tratados com reta intenção; pois bem depressa somos manchados e cativos da vaidade. 

Quisera eu ter calado muitas vezes e não ter conversado com os homens. 

Por que razão, porém, nos atraem falas e conversas, se raras vezes voltamos ao silêncio sem dano da consciência? 

Gostamos tanto de falar, porque pretendemos, com essas conversações, ser consolados uns pelos outros e desejamos aliviar o coração fatigado por preocupações diversas. 

E ordinariamente sentimos prazer em falar e pensar, ora nas coisas que muito amamos e desejamos, ora nas que nos contrariam.

2. Mas ai! Muitas vezes é em vão e sem proveito, pois essa consolação exterior é muito prejudicial à consolação interior e divina. 

Cumpre, portanto, vigiar e orar, para que não passe o tempo ociosamente. 

Se for lícito e oportuno falar, seja de coisas edificantes. 

O mau costume e o descuido do nosso progresso espiritual concorrem muito para o desenfreamento de nossa língua. 

Ajudam muito, porém, ao aproveitamento espiritual os devotos colóquios sobre coisas espirituais, mormente quando se associam em Deus pessoas que pensam e sentem do mesmo modo.