No dia 12 de agosto (2016) sexta-feira, às 19h30, na Comunidade Santa Rosa de Lima, da Paróquia de São Sebastião, em Amparo, o bispo Dom Luiz Gonzaga Fechio acolheu, em uma missa festiva, os votos de vida eremítica de Vanderlei de Lima.
Concelebraram com
Dom Luiz os padre Carlos Roberto Panassolo, pároco da Paróquia de São
Sebastião, Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis e chanceler da
Diocese, e Edimundo Dias Freitosa, da Diocese de Macapá, no Amapá, presente
especialmente para os votos, na capela repleta de fiéis da própria comunidade e
de amigos do neo consagrado vindos de outras comunidades e cidades.
Na homilia, Dom
Luiz destacou a importância de se entregar a Deus nos diversos modos de doação
na Igreja: sacerdócio ministerial, diaconato, vida leiga comum ou consagrada e
a vida religiosa. Disse o bispo que em cada momento e lugar é preciso servir a
Deus com amor aos irmãos e irmãs. Dom Luiz mencionou também os trabalhos que o
agora Irmão Vanderlei de Lima desempenha e continuará a desempenhar, de modo
recolhido, silencioso e atuante, para o bem do povo de Deus.
Terminada a Oração
da Comunidade, teve início o Ato de Consagração com o chamado do candidato pelo
bispo. Tendo respondido “Presente”, que significa o sim e a aceitação do apelo
a seguir Jesus Cristo mais de perto, Vanderlei se ajoelhou e leu a fórmula de
consagração apoiada no cânon 603 § 2 do Código de Direito Canônico. Por ela se
comprometeu à vida de pobreza, castidade e obediência além da estabilidade na
Diocese de Amparo, onde fez os votos, segundo antigo costume nesse modelo de
vida.
Terminada a
leitura, o bispo fez, de mãos estendidas sobre o neo consagrado, a longa oração
apropriada para receber esses votos. Ela lembra que Deus distribui à Igreja os
seus carismas para que cada fiel sirva a Ele nos vários modos de vida; pede que
o Espírito Santo venha sobre o consagrado a fim de ter ele forças para
demonstrar ao mundo a doutrina do Evangelho e se coloque a serviço dos irmãos e
irmãs para receber já neste mundo o cêntuplo prometido e no céu a herança
eterna.
Feita a oração, foi
assinada sobre o altar a fórmula de profissão pelo Irmão Vanderlei e por Dom
Luiz, depois pelo padre Carlos Panassolo e Ir. Irma Madalena Calgarôto, das
Franciscanas do Coração de Maria, como testemunhas canônicas do ato. A seguir,
o neo consagrado, ajudado pelo Pe. Bruno e pela Ir. Irma, se revestiu de seu
hábito próprio: a veste talar branca, como uma túnica (estar revestido de
Cristo), e sobre ela o escapulário (proteção da Virgem Maria e o serviço, já
que, no século VI, por exemplo, ele servia de uma espécie de proteção para não
sujar o hábito durante os trabalhos) com um longo capuz (recolhimento) além de
um cinto preto de couro (estar sempre preparado ou cingido), enquanto se
cantava o canto “Deixa tua terra”, apropriado para o momento.
Depois da missa, os
presentes tiveram a oportunidade de cumprimentar o bispo e o neo consagrado,
bem como participar de um momento de confraternização no salão da comunidade
tomando sopa ou chá e conversando entre si.
Vida eremítica
O canonista Pe.
Jesús Hortal, SJ, diz que “Eremita (do latim eremus = deserto) é aquele que se
retirava ao deserto para uma vida de oração e penitência. Chama-se também
anacoreta, palavra de origem grega que significa ‘sem coro’. A vida eremítica
foi o primeiro tipo de vida consagrada masculina, muito florescente a partir do
último terço do século III”, mesmo que pouco conhecida entre nós.
Há, ainda de acordo
com o mesmo autor, dois tipos de eremitas: os que estão integrados em uma ordem
religiosa (p. ex. carmelitas, camaldulenses etc.), e os que vivem isoladamente
sem se ligarem a um Instituto religioso. São chamados de “eremitas diocesanos”,
pois fazem sua profissão (portanto, um ato juridicamente público) nas mãos do
bispo diocesano (cf. Código de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1983,
comentário ao cânon 603).
A grande missão do
eremita na Igreja é a Oração da Liturgia das Horas e o Trabalho manual,
intelectual e pastoral dentro da caridade cristã para com todos, de um modo
especial para com os mais necessitados de oração e apoio espiritual.
Charles de Foucauld
Charles de Foucauld
(1858-1916) nasceu, no dia 15 de setembro, em Estrasburgo, na França, e
decidiu-se ainda muito jovem pela carreira militar, talvez por influência de
seu avô materno que o criou desde os 6 anos de idade, devido à morte prematura
de seus pais. Foi para o Marrocos como militar, mas, depois de ter recebido,
após diversas peripécias, baixa do Exército, tornou-se explorador geográfico
daquela região, produzindo uma notável pesquisa para a época.
Nessas aventuras
militares e também amorosas – teve vários namoros contrários à moral cristã –,
confessou ter perdido a fé em Deus. Graças ao Pe. Huvelin, da igreja de Santo
Agostinho, em Paris, retornou, em 1886, para a Igreja por meio de uma confissão
sacramental bem feita. Orientado pelo mesmo padre Huvelin, então seu diretor
espiritual, fez uma longa peregrinação à Terra Santa e ficou impressionado com
o “espírito de Nazaré”, ou seja: a vida escondida de Cristo dos 12 aos 30 anos.
Desejou também isso para ele.
Voltou para a
França e, em 1890, tornou-se monge trapista – Ordem fundada no século XIX, na
região da Trapa, na mesma França. Permaneceu nessa Ordem até 1897. Deixou-a por
julgar que precisava ser ainda mais pobre que os monges franceses de então. A
vida materialmente farta do mosteiro o desiludiu. Ele queria ser pobre como os
pobres à moda de Jesus de Nazaré.
Por fim, depois de
ser empregado das monjas Clarissas, em Nazaré, em uma vida eremítica, tornou-se
sacerdote, em 1901, na França, mas voltou para Beni Abbes e depois Tamanrasset
(Hoggar), na África, na condição de padre-eremita. Afastado, mas ao mesmo tempo
integrado à vida daquele povo de maioria muçulmana era por eles tido como
santo.
No dia 1º de
dezembro de 1916, em meio a uma revolta popular, o eremitério, residência pobre
do Irmão Charles, foi invadido e o eremita que fora militar, geógrafo,
linguísta, antropólogo, teólogo e sacerdote, assassinado. O Papa Bento XVI o
beatificou no dia 13 de novembro de 2005 e sua memória litúrgica é celebrada em
1º de dezembro.
A semente caída na
terra gerou frutos. Hoje são mais de vinte as famílias leigas e religiosas que
vivem seu modelo de seguir a Cristo. Dentre esses seguidores e seguidoras estão
os (as) eremitas: homens e mulheres que optam pelo silêncio orante, mas não se
esquecem da caridade para com o próximo nem se afastam da obediência à Igreja,
por meio da aceitação do que lhes pede o bispo diocesano, dentro do carisma
contemplativo vivido.
Pedidos de oração e
contato com o Ir. Vanderlei de Lima são possíveis pelo e-mail:
rezemos@zipmail.com.br
Informações: Ir.
Vanderlei de Lima
Fotos: Remorini
Fotografia
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