24 abril 2024

EREMITAS INDIFERENTES

 EREMITAS INDIFERENTES

22/06/22

Em Lucas 16, 19-31, a história do rico e de Lázaro nos leva a refletir no fato de que ali não diz que o rico era má pessoa, que fazia o mal, que era criminoso ou coisas desse tipo.

Ali apenas diz que ele era indiferente aos sofrimentos de Lázaro. Não se preocupava nem em saber se ali na frente de sua casa havia alguém passando fome.

É assim que Antônio Pagola descreve a situação: “O rico não é julgado como explorador. Não se diz que é um ímpio afastado da Aliança. Simplesmente, desfrutou da sua riqueza ignorando o pobre. Tinha-o ali mesmo, mas não o viu. Estava no portal da sua mansão, mas não se aproximou dele. Excluiu-o da sua vida. O seu pecado é a indiferença”. (Antônio Pagola, BH).

Eu me arrepiei quando li esse comentário. Podemos ser pessoas ótimas, não fazermos nenhum pecado, mas estarmos indiferentes à pobreza, aos necessitados.

Como eremitas, digo sempre isso, não podemos nos alienar do mundo, dos problemas que nos cercam. Caso façamos isso, não estaremos sendo verdadeiros eremitas, mas pessoas fugindo das responsabilidades sociais e caritativas. Aliás, não precisamos ficar preocupados em fazer penitências. O cuidado com os pobres já é uma verdadeira penitência mas que, aos poucos, se transforma em alegria e bem-estar.

Quero ainda lembrar Mateus 25, em que mostra o Juízo Final e o que Jesus vai nos perguntar: “Eu estive com fome... com sede... nu... preso...” etc. Não vai perguntar se tomamos banhos frios ou quentes. Não sei se vocês sabem, mas Santo Antão, que morreu perto dos 104 anos de idade, nunca tomou banho e se orgulhava disso. E é santo. Mas uma coisa que ele sempre fazia era ajudar a resolver os conflitos da Igreja do seu tempo. Se quiser saber mais sobre esse santo, veja neste link: Santo Antão.

Por isso, eu lembro a todos (as) os (as) eremitas que vivam sua vida de contemplação, mas não abandonem o serviço aos pobres e necessitados. Ser eremita não significa afastarmo-nos do dever de assisti-los.