02 fevereiro 2013

JOVENS MOVIDOS A ÁLCOOL



“A adolescência é a época das paixões, da impulsividade, da sexualidade, do comportamento de risco”.

Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas informam que 40% das crianças brasileiras com idade entre 10 e 12 anos já consumiram bebidas alcoólicas e 10 % dos jovens de 12 a 17 anos podem ser classificados como dependentes de álcool.

A publicidade de bebida destilada – cachaça, uísque, vodca – obedece à restrição de horários, regulados pela lei 9.294/1996. Entre 6h e 21h é vetada a publicidade de destilados, embora muitas rádios burlem a proibição. A cerveja, que responde por 70% de todo álcool ingerido no Brasil, é livre de regulamentação. E é por ela que muitos jovens ingressam na dependência química (2).

Conhecidas como drinking games, as brincadeiras que estimulam o consumo excessivo de álcool hoje são os principais atrativos das festas com público entre 18 e 24 anos que ocupam locais como Fosfobox, em Copacabana; Espaço Franklin, no Centro; Espaço Rampa, em Botafogo; além do Odisseia e do Espaço Acústica. A despeito da música ou do público, o chamariz são os jogos que envolvem bebida, seja como mote ou

O estudo mais recente sobre o consumo de álcool por este público específico foi divulgado em 2010 pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). 

Segundo o “I Levantamento nacional sobre o uso do álcool, tabaco e outras drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras”, 86,2% dos universitários já usaram álcool em algum momento da vida, sendo que 79,2% experimentaram antes dos 18 anos, e 54% antes dos 16 anos. A pesquisa concluiu que a faixa etária de 18 a 24 anos é a que mais consome álcool no país. São eles, também, os que mais praticam o que especialistas chamam de binge drinking: o consumo pesado episódico, classificado como cinco doses numa noite para homens e quatro mulheres. Entre os homens, 29,2% já são bebedores de médio e alto risco; entre mulheres, - Quanto mais precoce o abuso do álcool, maiores as chances de desenvolver dependência – diz a psicoterapeuta Ivone Ponczek, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Uerj.

Para ela, os driniking games banalizam os riscos do alcoolismo: “O álcool demora a se instalar como dependência, por isso os indícios não são identificados imediatamente. O organismo jovem é mais sensível, metaboliza o álcool de maneira mais lenta. É importante tirar o cunho moralista do debate, todos tomam um porre um dia. Mas essa forma de lidar com bebida pode ser destrutiva, pois o limite entre o lúdico e o perigoso fica diluído. Sem falar nos problemas relacionados, como acidentes de trânsito, atos de violência, abuso sexual etc”. (3).

JUVENTUDE PERDIDA

Em sete meses, quase três mil menores detidos. Média foi de 14 detenções por dia no Rio de Janeiro, segundo estatística do Instituto de Segurança Pública. Parcela dos Jovens entre 18 a 25; 5,3 milhões que não estudam, estão procurando emprego.

Essa juventude perdida (quase a população da Dinamarca), vai fazer falta para um crescimento sustentado, advertiu Paulo Levy, economista do Diante dessa triste calamidade, de um futuro neurálgico e de uma sociedade perniciosa, brada o conselho do Papa Bento XVI: “As frustrações presentes não devem levar-vos a buscar refúgio em mundo paralelo, como por exemplo, o mundo das drogas de todo tipo ou o mundo triste da pornografia”.

De modo admirável e cheio de ternura o Papa afirma aos jovens: 

“Ocupais um lugar privilegiado no meu coração e na Igreja inteira, porque a Igreja é sempre jovem. A Igreja confia em vós; conta convosco. Sedes jovens na Igreja. Sede jovens com a Igreja. A Igreja precisa do vosso entusiasmo e criatividade” (5).

Que o Ano da Fé venha restaurar os ideais de São José Calasanz que se dedicou com espírito de apóstolo à instrução dos meninos e dos jovens. Esse grande santo padroeiro de todas as escolas populares cristãs espalhadas pelo mundo inteiro e fundador da Congregação dos Clérigos Regulares das Pias Escolas, vinculados não só pelos votos de pobreza, castidades e obediência, mas também por quarto voto, que os compromete com a educação dos jovens.

Cada cristão vivendo de fato e de verdade o Ano da Fé, poder fazer acontecimentos maravilhosos em prol da nossa juventude.

Acreditamos na direção do Espírito Santo. Somos seus instrumentos para sermos usados conforme a sua divina criatividade.

Que os jovens vejam os cristãos movidos pelos dons do Espírito Santo e para que eles sigam esse exemplo e jamais queiram o álcool. Sejam os jovens movidos pela Água do Espírito Santo e pelo Sangue de Jesus 


Inácio José do Vale
Sociólogo em Ciência da Religião
Professor de História da Igreja
Instituto Teológico Bento XVI
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

(1) O Globo – Saúde, 21/10/2012, p.52.
(2) O Globo, 29/03/2012, p.6.
(3) Revista – O Globo, 21/10/2012, pp. 30 e 34.
(4) O Globo, 15/09/2012, p.18.
(5) L’osservatore Romano, 22/09/2012, p.9