21 março 2011

REGRA DE S. BENTO - 17 a 20

CAPÍTULO 17 - Quantos salmos deverão ser cantados nessas mesmas horas

Já dispusemos a Ordem da Salmodia, dos Noturnos e das Matinas; vejamos agora a das Horas seguintes.
À Hora de Prima sejam ditos: três salmos separadamente, não sob um só "Gloria", e o hino da mesma Hora, que virá depois do versículo " Ó Deus, vinde em meu auxílio" e antes que sejam começados os salmos. Terminados os três salmos, recitem-se uma lição, o versículo, "Kyrie eleison", e façam-se as orações finais. Terça, Sexta, e Noa sejam celebradas segundo a mesma ordem, isto é: versículo, hinos de cada uma das Horas, três salmos, lição e versículo, "Kyrie eleison" e as orações finais. Se a comunidade for grande, sejam os salmos cantados com antífona; se for pequena, em tom direto. A sinaxe vespertina consta de quatro salmos com antífonas; depois dos quais deve ser recitada uma lição;em seguida o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho,a litania, a oração dominical e as orações finais. As Completas compreendem a recitação de três salmos, que devem ser ditos em tom direto,sem antífona; Depois deles, o hino da mesma Hora, uma lição, o versículo,o"Kyrie eleison", a bênção e as orações finais.


CAPÍTULO 18 - Em que ordem os mesmos salmos devem ser ditos


Diga-se o versículo: "Ó Deus, vinde em meu auxílio; apressai-vos, Senhor,em socorrer-me", o Glória, e depois o Hino de cada uma das Horas . Em seguida, na hora de Prima do domingo, devem ser ditas quatro divisões dos almo centésimo décimo oitavo; nas demais Horas, isto é, Terça, Sexta e Noa digam-se três divisões do referido salmo centésimo décimo oitavo. Na Prima da Segunda feira, digam-se três salmos, a saber: o primeiro, o segundo e o sexto. E assim em cada dia, até o domingo, digam-se na Prima, por ordem, três salmos até o décimo nono; de tal modo que sejam divididos em dois o salmo nono e o décimo sétimo. E faça-se assim, para que sempre se comecem as Vigílias do domingo pelo vigésimo.


Na Terça, Sexta e Noa da segunda-feira, digam-se as nove divisões que restam do salmo centésimo décimo oitavo, três em cada Hora. Percorrido,portanto, o salmo centésimo décimo oitavo nos dois dias - domingo e segunda-feira, já na Terça, Sexta e Noa da terça-feira, salmodiam-se três salmos de cada vez, do centésimo décimo nono até o centésimo vigésimo sétimo, isto é,nove salmos. Repitam-se sempre esses salmos pelas mesmas Horas até o domingo, conservando-se de maneira uniforme e todos os dias a disposição dos hinos, bem assim como a das lições e versículos; e, assim sendo,comece-se sempre no domingo com o centésimo décimo oitavo.


As Vésperas sejam cantadas diariamente pela modulação de quatro salmos. Esses salmos vão do centésimo nono até o centésimo quadragésimo sétimo, excetuados alguns que dentre esses foram tirados para outras Horas, isto é, do centésimo décimo sétimo ao centésimo vigésimo sétimo, mais o centésimo trigésimo terceiro e o centésimo quadragésimo segundo; todos os demais devem ser ditos nas Vésperas. Como, porém, ficam faltando três salmos, devem ser divididos os mais longos dentre os supracitados, isto é, o centésimo trigésimo oitavo, o centésimo quadragésimo terceiro e o centésimo quadragésimo quarto. O centésimo décimo sexto, por ser pequeno, seja unido ao centésimo décimo quinto. Distribuída, pois, a ordem dos salmos vespertinos, quanto ao restante - isto é, a lição, o responsório, o hino, o versículo e o cântico - proceda-se como determinamos acima. Nas Completas, repitam-se todos os dias os mesmos salmos: o quarto, o nonagésimo e o centésimo trigésimo terceiro.


Disposta a ordem da salmodia diurna, distribuam-se igualmente todos os salmos que restam, pelas sete Vigílias da noite, partindo-se, naturalmente,os que, dentre eles forem mais longos e estabelecendo-se doze para cada noite.


Advertimos de modo especial que, se porventura essa distribuição dos salmos não agradar a alguém, que ordene como achar melhor; mas, seja como for, atenda a que seja salmodiado cada semana, integralmente, o saltério de cento e cinqüenta salmos e que se comece sempre, de novo, nas Vigílias do domingo, porque os monges que, no decurso da semana, recitam menos do que o saltério com os cânticos costumeiros revelam ser por demais frouxo o serviço de sua devoção. Pois lemos que os nossos santos Pais realizavam, corajosamente, em um só dia isso que oxalá nós indolentes, cumprimos no decorrer de toda uma semana.


CAPÍTULO 19 - Da maneira de salmodiar


Cremos estar em toda parte a presença divina e que "os olho do Senhor veem em todo lugar os bons e os maus". Creiamos nisso principalmente e sem dúvida alguma, quando estamos presentes ao Ofício Divino. Lembremo-nos, pois, sempre, do que diz o Profeta: "Servi ao Senhor no temor". E também: "Salmodiai sabiamente". E ainda: "Cantar-vos-ei em face dos anjos". Consideremos, pois, de que maneira cumpre estar na presença da Divindade e de seus anjos; e tal seja a nossa presença na salmodia, que nossa mente concorde com nossa voz.


CAPÍTULO 20 - Da reverência na oração


Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, não ousamos fazê-lo a não ser com humildade e reverência; quanto mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? E saibamos que seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a compunção das lágrimas. Por isso, a oração deve ser breve e pura, a não ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto de inspiração da graça divina. Em comunidade, porém, que a oração seja bastante abreviada e, dado o sinal pelo superior, levantem-se todos ao mesmo tempo.