21 março 2011

REGRA DE S. BENTO - 35a38

CAPÍTULO 35 - Dos semanários da cozinha


Que os irmãos se sirvam mutuamente e ninguém seja dispensado do ofício da cozinha, a não ser no caso de doença ou se se tratar de alguém ocupado em assunto de grande utilidade;
pois por esse meio se adquire maior recompensa e caridade. Para os fracos, arranjem-se auxiliares, a fim de que não o façam com tristeza; ainda conforme o estado da comunidade e a situação do lugar, que todos tenham auxiliares. 

Se a comunidade for numerosa, seja o Celeireiro dispensado da cozinha, e também, como dissemos, os que estiverem ocupados em assuntos de maior utilidade. Os demais sirvam-se mutuamente na caridade. O que vai terminar sua semana faça, no sábado, a limpeza; lavem as toalhas com que os irmãos enxugam as mãos e os pés; ambos, tanto o que sai como o que entra, lavem os pés de todos. Devolva aquele ao Celeireiro os objetos do seu ofício, limpos e perfeitos; entregue-os outra vez o Celeireiro ao que entra, para que saiba o que dá e o que recebe.

Os semanários recebam, uma hora antes da refeição, além da porção estabelecida, um pouco de pão e algo para beber, a fim de que, na hora da refeição, sirvam a seus irmãos sem murmurar e sem grande cansaço; no entanto, nos dias solenes, esperem até depois da Missa. 

No domingo, logo que acabem as Matinas, os semanários que entram e os que saem prostrem-se no oratório, aos pés de todos, pedindo que orem por eles. Aquele que termina a semana diga o seguinte versículo: "Bendito é o Senhor Deus que me ajudou e consolou". Dito isso três vezes e recebida a bênção, sai; prossiga o que começa a semana, dizendo: "Ó Deus vinde em meu auxílio; Senhor, apressai-vos em socorrer-me". Também isso seja repetido três vezes por todos e, recebida a bênção, entre no seu ofício.

CAPÍTULO 36 - Dos irmãos enfermos

Antes de tudo e acima de tudo deve tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva como verdadeiramente ao Cristo, pois Ele disse: "Fui enfermo e visitastes-me" e "Aquilo que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes". Mas que os próprios enfermos considerem que são servidos em honra a Deus e não entristeçam com sua superfluidade aos irmãos que lhes servem. 

No entanto, devem os doentes ser levados pacientemente, porque por meio deles se adquire recompensa mais copiosa. Portanto, tenha o abade o máximo cuidado para que não sofram nenhuma negligência. Haja uma cela destinada especialmente a estes irmãos enfermos, e um servo temente a Deus, diligente e solícito. O uso dos banhos seja oferecido aos doentes sempre que convém; mas aos sãos, e sobretudo aos jovens, seja raramente concedido. Também a alimentação de carnes seja concedida aos enfermos por demais fracos, para que se restabeleçam, mas logo que tiverem melhorado abstenham-se todos de carnes, como de costume. 

Que tenha, pois, o Abade o máximo cuidado em que os enfermos não sejam negligenciados nem pelos Celeireiros nem pelos que lhes servem, pois sobre ele recai qualquer falta que tenha sido cometida pelos discípulos.

CAPÍTULO 37 - Dos velhos e das crianças

Ainda que a própria natureza humana seja levada à misericórdia para com estas idades, velhos e crianças, no entanto que a autoridade da Regra olhe também por eles. Considere-se sempre a fraqueza que lhes é própria, e não se mantenha para com eles o rigor da Regra no que diz respeito aos alimentos; haja sim, em relação a eles, uma pia consideração e tenham antecipadas as horas regulares.

CAPÍTULO 38 - Do leitor semanário

Às mesas dos irmãos não deve faltar a leitura; não deve ler aí quem quer que, por acaso, se apodere do livro, mas sim o que vai ler durante toda a semana, a começar do domingo. Depois da Missa e da Comunhão, peça a todos que orem por ele para que Deus afaste dele o espírito de soberba. No oratório, recitem todos, por três vezes, o seguinte versículo, iniciando-o o próprio leitor: "Abri, Senhor, os meus lábios, e minha boca anunciará vosso louvor"; e tendo assim recebido a bênção, entre a ler. Faça-se o máximo silêncio, de modo que não se ouça nenhum cochicho ou voz, a não ser a do que está lendo. Quanto às coisas que são necessárias aos que estão comendo e bebendo, sirvam-se mutuamente os irmãos, de tal modo que ninguém precise pedir coisa alguma. 

Se porém se precisar de qualquer coisa, seja antes pedida por algum som ou sinal do que, por palavra. Nem ouse alguém fazer alguma pergunta sobre a leitura, ou outro assunto qualquer, para que se não dê ocasião, a não ser que o superior, porventura, queira dizer, brevemente, alguma coisa, para edificação. O leitor semanário, antes de começar a ler, recebe o "misto" por causa da Comunhão e para que não aconteça ser-lhe pesado suportar o jejum; faça, porém, depois, a refeição com os semanários da cozinha e os serventes. Não leiam nem cantem os irmãos segundo a ordem da comunidade, mas façam-no aqueles que edificam os ouvintes.